Depois de ter recebido muito boas críticas no estrangeiro, a realizadora Cosima Dannoritzer apresenta esta sexta-feira, 20 de Maio, às 11h00 no anfiteatro 23.1.6, o Documentário «Comprar, Tirar, Comprar». Este filme abrange questões que perpassam a consciência crítica de todas as profissões e de todos os saberes contemporâneos. Quem pretende trabalhar no campo artístico e comunicacional não pode ficar insensível às razões económicas e comerciais que este campo leva consigo, assim como quem, por sua vez, quer trabalhar no mundo da produção industrial e tecnológica não pode pensar-se desvinculado dos interesses dos mercados e dos consumidores. Porém, cada faceta deste processo criativo e empresarial depara-se, ao mesmo tempo, com um pressuposto e um destino comum: o da ecologia e dos recursos naturais. Hoje em dia é possível criar um objecto de design, produzir uma mercadoria industrial, publicitar um estilo de vida, promover uma estratégia económica, inovar tecnologias sem ter em consideração as questões ambientais implícitas em todas estas práticas? O documentário «Comprar, Tirar, Comprar», da realizadora Cosima Dannoritzer, aborda os paradoxos insustentáveis de uma produção industrial e de um sistema comercial virados para um consumo compulsivo que progressivamente acaba por consumar-se a si próprio. Por detrás dos paraísos performativos publicitados pela economia mercantil e pela lógica da inovação permanente esconde-se uma miséria ecológica e social progressiva, desempenhada pela obsolescência programada dos produtos. O documentário de Cosima Donnoritzer representa a cegueira ética duma estratégia económica baseada no encurtar do ciclo de vida das mercadorias e dos serviços, assim como na dependência social de um consumo preso nesta lógica frustrante e aparentemente infinita, promovida e sustentada através do crédito. Fazendo com que a cultura do prazo comercial dos produtos distraia e substitua a percepção de outros prazos, reais e dramáticos, começando pelo limite averiguado que têm os recursos naturais. Renova-se assim, com a máxima evidência, aquela dialéctica entre progresso e catástrofe que já tinha sido assinalada no começo do século passado. Com novidades substanciais: a ideologia do progresso técnico-científico, descolada de qualquer forma compensatória e equilibrante de controlo democrático, revela-se um cruel instrumento de hegemonia económica e política, socialmente regressivo e ecologicamente incontornável. Trata-se, portanto, de uma longa-metragem que visa à reflexão sociológica, que argumenta a urgência de uma economia sustentável e a de um consumo crítico, que denuncia os heterogéneos estratagemas dos cartéis comerciais e que mostra as acções legais colectivas contra estes mesmos cartéis, que mostra propostas alternativas para uma sociedade do decrescimento e que apresenta novas práticas de resistência open source, que enfim permite conhecer o destino dos detritos tecnológicos transferidos para os países subdesenvolvidos e os movimentos sociais contrastantes, emergentes nestes países. É, portanto, com grande interesse que este filme (totalmente disponível no youtube, sendo a realizadora activista do open source) será apresentado na Universidade de Aveiro para que os estudantes, envolvidos nesta passagem de época, acrescentem, cada vez mais, a consciência ecológica com a própria formação NARRADO E LEGENDADO EM ESPANHOL