Visões da Europa - Duplo - Reliquias em DVDs
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Visões da Europa - Duplo

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Em maio de 2004, a União Européia ganhou a adesão de dez novos países - a maioria nações do Leste Europeu, ex-membros do bloco soviético. A integração desse grupo aos 15 membros originais provocou um choque cultural e político na parte ocidental do continente. Na mesma época, a produtora Zentropa, de Lars Von Trier (Dogville), encabeçou o projeto Visões da Europa. A idéia era produzir 25 curtas de diferentes cineastas sobre cada país-membro, refletindo suas visões da atual integração européia. A única restrição era o tempo, limitado a cinco minutos. A produção reuniu diretores de estilos e reputações diversas - de novatos com fama local a nomes consagrados, como Peter Greenaway e Aki Kaurismäki - e teve sua premiére nacional no Festival do Rio e agora na Mostra de Cinema em São Paulo. Contrariando uma possível impressão de felicidade geral pela integração dos povos, o tom na maioria dos filmes beira o pessimismo. A tal integração irrestrita é vista com cinismo e desconfiança pelos cineastas, principalmente em face das novas políticas dos países mais desenvolvidos para dificultar a migração dos novos colegas do leste. Muitos abordaram o problema dos imigrantes ilegais - os recém-empossados do leste europeu eram até então, ao lado dos africanos, a grande massa que invadia os países ricos atrás de melhores oportunidades de vida. No segmento português Água fria (Cold wa(te)r, no trocadilho original), a diretora Teresa Villaverde utiliza-se de trechos de arquivo de televisão, reproduzidos em velocidade reduzida, explorando o tratamento dado a imigrantes presos nas fronteiras. O grego Lugar para todos, de Constantine Giannaris, confronta o crescente número de imigrações ao país à falta de política local em relação ao fenômeno. O mais impressionante, porém, é o irlandês Estado invisível, do diretor Aisling Walsh. O curta é um monólogo com o ator dublinense Gerard Mannix Flynn, em que o texto faz uma arrepiante defesa em favor da legião que chega clandestinamente ao país todos os dias. Mais light, outros cineastas vão pelo caminho do humor ácido. O estoniano Euroflot narra a luta de uma mulher contra a burocracia e os mal-entendidos típicos de uma integração universal - uma pretensamente simples viagem até Bruxelas, capital da UE, se transforma em problemas com agentes norte-americanos por causa de um salto de sapato quebrado e calcinhas verde alface. Europa, do esloveno Damjan Kozole, brinca com a rivalidade entre seu país e a vizinha Croácia, que ainda não faz parte do novo bloco europeu. Não faltam também aqueles que exploram um simbolismo mais velado, mas não menos crítico. O belo Prólogo, do húngaro Béla Tarr, mostra uma bem vestida mulher que, numa alegria forçada, distribui alimentos a uma fila com centenas de mendigos e sem-teto. O banho europeu, segmento inglês produzido por Peter Greenaway, traz 15 atores nus com bandeiras pintadas no corpo, personificando os países do bloco original, banhando-se em um grande chuveiro, enquanto os novos membros observam do lado de fora, metaforizando a história da União Européia. O formato do filme-conjunto, com seus 25 curtas de cinco minutos, chega a cansar a audiência. Mas Visões da Europa é um ótimo espelho do cinismo que é a visão governamental da integração européia entre países ricos e pobres, mais voltada ao lado comercial do bloco do que ao humano

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