Trilogia do Sublime - Godard - Reliquias em DVDs
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Trilogia do Sublime - Godard

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Je vous salueMarie- ( Eu vos saudo Maria) 

Através de duas histórias paralelas e distintas, o diretor nos oferece sua versão para a concepção da Virgem. Maria é uma jovem estudante que joga basquete e trabalha no posto de gasolina de seu pai; José é taxista na cidade. Ao saber da gravidez de Maria, ele a acusa de traição. Gabriel tenta convencê-lo a aceitar os planos divinos. Paralelamente, um professor de ciências que estuda a origem da vida na Terra se envolve com uma aluna.


Análise:

No princípio há o cinema: ato linguístico extremo, contradição textual, exaltação e exclusão do objeto, evento metafísico que transforma a analogia em artifício, projeção de referências transcendidas pela expressão. No princípio há Marie (Myriem Roussel), uma estudante que joga basquete, ajuda o pai a administrar um posto de gasolina e recebe a visita de Gabriel (Philippe Lacoste), um homem misterioso que surge somente para anunciar sua gravidez, ainda que a garota seja virgem. Seu namorado, Joseph (Thierry Rode), reluta em acreditar no acontecido, mas apurada a boa fé de Marie e sua determinação em fazer parte de um projeto que se coloca acima do entendimento humano, a segue neste extraordinário caminho que lhe foi traçado.

Jean-Luc Godard (que já recebeu uma matéria especial no blog) concentra-se em um dos principais pilares do cristianismo, a Anunciação, para falar sobre a necessidade convicta de uma busca através de nós mesmos, como seres humanos potencialmente capazes de tudo, em um tempo de reiterada mercantilização dos corpos e de uma irreversível decadência para o homem moderno. Assim sendo, o verdadeiro protagonista de Je vous salue, Marie é o próprio corpo de Marie, mostrado com um pudor e uma delicadeza raramente registrados, movendo-se com uma naturalidade que parece levá-lo ao início dos tempos. Marie é devota de seu corpo, de tal modo a criar uma desassociação evidente entre corpo e mente, como se o primeiro orientasse os movimentos do segundo, como se entre corpo e alma uma ligação inseparável tivesse sido criada, como se o corpo, tornando-se uma outra entidade, desse forma a uma espaço à procura da perfeição.

Terceiro filme da assim chamada “Trilogia do Sublime” (iniciada em Passion e seguida por Prénom Carmen), Je vous salue, Marie, desencadeou infinitas polêmicas entre católicos, provocando a reação do papa João Paulo II que, em pessoa, chegou a rezar um rosário para que os fieis não assistissem ao filme. No Brasil as reações não foram diferentes e, sob a acusação de filme blasfemo, foi proibido na época de seu lançamento. Conservadores mobilizaram-se em apoio à censura do filme, enquanto artistas e intelectuais o transmitiam em sessões clandestinas. Ciente da turbulência que causaria ao redor do globo, Godard retorna à complicada problemática dos filmes precedentes da trilogia – como representar, como enquadrar o sublime? E com Je vous salue, Marie parece chegar a uma resolução em relação ao objeto, a representação da Virgem Maria. Fato que não poderia levá-lo de forma mais direta ao foco do dilema; qual a distancia precisa para os enquadramentos? A Virgem deve ser filmada em primeiro plano, plano americano, plano médio, plongée? Por que não se pode filmar a Virgem de perto? O cinema pode tornar crível o inacreditável? Como mostrar algo nunca mostrado antes?

Enfrentando dilemas semelhantes aos de Gian Lorenzo Bernini ao representar sua obra prima “O Êxtase de Santa Teresa“, Godard tenta representar o milagre, o invisível; tornar visível o impalpável. Mostrar o que não pode ser mostrado, confrontar-se com o absoluto. O propósito é o mesmo dos antecessores da trilogia, mas juntamente com a problemática do sublime, agora há o problema inicial: o enquadramento, a montagem, uma tela que acolha por si só as imagens criadas por ela; e o cinema, arte de estabelecer contato com o proibido, a criação de imagens originais. Godard segue a utopia de uma imagem virgem, à procura do momento da concepção e adverte, portanto, sobre a exigência de filmar a própria ideia de virgindade, reduzindo o mistério da gestação ao dia a dia, como se sentisse a necessidade de resgatar a nudez inocente para mostrar “a origem”.

A estrutura da obra é extremamente estilizada, deliberadamente fraturada por saltos narrativos, incongruências visuais, digressões verbais e diálogos surrados ao invés de expressivos. Apresenta duas histórias que se entrelaçam: o mundo de Maria e José, o mundo bíblico representado pela frase inicial, “Naquele Tempo“ e o mundo da ciência, representado por Eva (Anne Gauthier) e o professor tchecoslovaco (Johan Leysen). A realidade natural, o céu, o lago, a vegetação muda e vivaz domina completamente o cenário, mas nunca de uma forma ameaçadora. A linguagem cinematográfica utilizada é simples, mas ambígua. Godard emprega os signos (imagens da natureza como o sol e a lua, mas também imagens geométricas como círculos etc) como símbolos puros e imaculados sem um significado, ou melhor, os mostra antes que a eles seja atribuído um significado. Serve-se, no entanto, de símbolos da religião tradicional, os reinterpreta e os combina a fim de solucionar os mistérios da modernidade secular. Assim, a lua redonda como a bola de basquete manuseada por Marie faz alusão ao arredondamento da barriga da mulher que reflete a figura de um círculo que, por sua vez, nos remete a ideia de um ciclo.
Gênero: Drama
Diretor: Jean-Luc Godard
Duração: 75 minutos
Ano de Lançamento: 1985
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês
Qualidade de Vídeo: DVD Rip

Legendas: Português

Prenom Carmen 1983


Carmen é membro de uma gangue terrorista que se apaixona por um jovem oficial da justiça que guarda o banco em que ela e seu grupo tentou assaltar para obter dinheiro para realizar um filme - na verdade, um outro golpe. Livremente inspirado na ópera de Bizet, Carmen, e no conto que o inspirou, de Prosper Mèrimèe.
Gênero: Comédia / Crime / Drama / Romance
Diretor: Jean-Luc Godard
Duração: 104 minutos
Ano de Lançamento: 1983
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês, inglês
Qualidade de Vídeo:DVD Rip
Legendas: Português

O cineasta polonês Jerzy tenta fazer um filme baseado em alguns quadros famosos. Enquanto filma, inicia uma relação amorosa com Isabelle, que acaba de ser demitida da fábrica de Michel e que mantém outro relacionamento amoroso com a dona do hotel onde a equipe de filmagem está hospedada. Passion não é um filme de história, é um filme de sensações, de sentimentos, de imagens, de vibrações.
Gênero: Experimental
Diretor: Jean-Luc Godard
Duração: 104 minutos
Ano de Lançamento: 1982
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês
Qualidade de Vídeo:DVD Rip
Legendas: Português

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