Natasha Richardson, a neta de Sir Michael Redgrave, filha da grande Vanessa Redgrave e do diretor Tony Richardson, mulher de Liam Neeson, está extraordinária no papel de Stella, a esposa entendiada do psiquiatra (Hugh Bonneville) que assume posto de comando em hospício e vive uma paixão tipo atração fatal com um homem internado lá. Esse homem, Edgar (Marton Csokas), está no hospício por ter assassinado a mulher, com todos os requintes de extrema crueldade possíveis, num ataque de ciúme.
Muito bem: diante de um currículo desses da pessoa por quem se tem tesão, o que faria qualquer ser humano sensato? Não entraria na atração fatal, certo? Ou, se a atração fosse forte demais, entraria uma vez, e aí cascaria fora rapidinho. Mas Stella, a personagem de Natasha, ah, não, senhor. Ela reincide no perigo. E aí reincide de novo. E dá-lhe tragédia.
Sem a beleza escandalosa de escultura grega da mãe, mas com uma presença fortíssima em cena, e enorme talento, Natasha se transforma numa mulher que exala sensualidade e desespero. As cenas de sexo são poderosas, fortes, impressionantes.
O filme foi exibido em competição no Festival de Berlim de 2005, onde ganhou, segundo o iMDB, um prêmio do qual eu nunca tinha ouvido falar – o Prêmio do Sindicato dos Cinemas de Arte da Alemanha.
Nada para Natasha Redgrave. Não dá para entender. Natasha – bela atriz que está também em Ao Entardecer/Evening e A Condessa Branca/The White Countess, entre outros bons filmes – mereceria qualquer prêmio que passasse à sua frente por sua interpretação da trágica Stella.
E o grande Ian McKellen está absolutamente soberbo no papel do psiquiatra ambicioso, melífluo, que esperava ocupar o lugar do marido da personagem transgressora de Natasha e fica torcendo e conspirando pela tragédia.