Philippe Lesage compõe essa fase de forma muito interessante, dando para o rito de passagem um tom que parece tirado de um filme de terror. Uma abordagem bem original e que leva o espectador a quase sentir todos os medos do protagonista. Essa qualidade é atingida pela escolha do diretor em usar diversos planos-sequencias e até uma câmera que parece estar viva ao acompanhar o curso dos momentos em cena.
O único problema é que para dar ainda mais força dramática para a história, Lesage pesa a mão ao colocar uma subtrama de pedofilia que acaba destoando do arco dramático principal. Mas a fotográfica deslumbrante e a montagem inteligente acabam por compensar esse pequeno equívoco. Merece menção a forma bem delicada de abordar o despertar da sexualidade nessa fase humana. E há que se destacar também a atuação naturalista do jovem Édouard Tremblay-Grenier que consegue convencer a plateia com seus medos e angustias.
Os Demônios, merece a atenção pela abordagem original do rito de passagem para a puberdade e principalmente por fazer tudo isso, com uma ousadia visual incrível.
CRITICA
Em setembro passado, o diretor polonês Marcin Wrona foi encontrado morto em seu quarto de hotel em Gdynia, onde seu filme de terror psicológico Demon (2015) seria exibido no mais prestigiado festival de cinema de seu país. A polícia concluiu que o realizador de 42 anos cometeu suicídio enforcando-se. Esse triste episódio poderia servir de publicidade mórbida para uma produção que trata de possessão e espíritos. O impressionante Demon, porém, dispensa artifícios de propaganda: a força e o rico subtexto da narrativa e a extática atuação do protagonista são suficientes para prender a atenção do espectador em uma história que vai além das convenções do gênero de horror. O filme literalmente desenterra os esqueletos escondidos por uma sociedade culpada.
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