Final do século XIX. Katty, fugindo da pobreza, deixa sua cidade natal e se mudou para Amsterdã, onde a prostituição preciso para melhorar a qualidade de vida de suas famílias. Na capital conhecem o poder corruptor do dinheiro e do mundo sórdido de exploração sexual
LEGENDA EM ESPANHOL
O AMANTE DE KATHY TIPPEL (1975). Na época de sua realização, foi o filme mais caro já produzido na Holanda. A produção de época é estrelada pela bela Monique van de Ven, que repete a parceria com o diretor e com Rutger Hauer. O fato de terem bancado uma produção tão cara só pode ter sido por causa do sucesso de LOUCA PAIXÃO (1973). Mas se no trabalho anterior, ambos os astros pareciam ter o mesmo tempo em cena, em KATHY TIPPEL, a estrela é Monique van de Ven.
Inicialmente, o filme tem um quê de western americano, pela trajetória dificil dos personagens, pelo fato de se passar na segunda metade do século XIX e por mostrar um mundo em construção. Pelo menos, para aqueles que chegam. O filme mostra a chegada de uma família pobre que foge da fome de sua cidade natal para arranjar trabalho em Amsterdã. A chegada no barco é complicada e a casa onde eles se instalam é bem pobre, com a privada praticamente no meio da casa. Na primeira noite na casa, a chuva deixa o lugar completamente alagado. No dia seguinte, o pai consegue um subemprego, Keetje, a filha mais nova (van de Ven) vai para um trabalho duro numa fábrica de tecidos e a mais velha vai ser prostituta.
Mas o foco está em Keetje, nossa heroína. Sua trajetória inicial lembra a de Justine do Marquês de Sade. Ela é inocente e bela, mas não tem consciência disso. E todos os homens são tarados, doidos para se aproveitar da pobre jovem. Que não se faz de boba. Logo na fábrica de tecidos, ao ser humilhada pelas outras mulheres, entra numa briga que aparentemente deixa cega uma delas. Ao trabalhar numa loja de chapéis, ela é estuprada pelo patrão. Não demoraria ter que substituir a irmã como a prostituta da família. É aquilo ou ficar roubando pão na rua. Mas o destino faz com que ela conheça o bancário Hugo (Rutger Hauer), que mudaria a sua vida. Ela sai da completa pobreza para o universo burguês.
Como não poderia faltar nos filmes de Verhoeven, um pouco de sexo, violência e escatologia aparecem para divertir o público. Algumas sequências se destacam e ficam fincadas em nossa memória, queiramos ou não. Como a cena da irmã de Keetje limpando a bunda com um livro seu; a cena do espelho no teto no bordel; o jogo de sombras na loja de chapéis. Tudo isso convive com a doçura de Monique van de Ven. O belo e o repulsivo convivendo lado a lado. Agora é torcer para que um ou mais dos quatro projetos de Verhoeven saiam, especialmente a sua muito controversa versão para a história de Jesus. Periga de o crucificarem.