O filme Alfabeto Afegão (Alefbay-e Afghan, 2002) fala sobre a realidade das crianças afegãs que, fugidas das guerras realizadas pelos dois movimentos fundamentalistas no Afeganistão – o regime Talibã e o governo estadunidense – se refugiam em território iraniano. São muitas as crianças afegãs que hoje não tem sequer os documentos necessários para se matricularem nas escolas regulares iranianas, pois são consideradas imigrantes ilegais no Irã. Elas ficam de longe, observando as outras crianças aprenderem o alfabeto. Tentam acompanhar e participar das aulas à distância. O documentário fala também sobre a situação da mulher sob o jugo das leis dos líderes islâmicos. A mulher que não pode contar com os mesmos direitos políticos, civis e religiosos que os homens. A mulher que, nos espaços públicos, é obrigada a viver escondida por trás da burca. O cenário denunciado pelo documentário é apenas um dos catastróficos “efeitos colaterais” da tão propalada “guerra pela paz” impetrada pelas grandes potências, atualmente, pelo governo estadunidense. São crianças que, quando não pagam com a própria vida, amargam um viver que fere a dignidade e os direitos humanos. Pagam um preço caro demais como vítimas de uma absurda disputa pelo poder – petróleo, riquezas naturais, domínio geopolítico, convicções político-religiosas