Milarepa - Reliquias em DVDs
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Milarepa

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A história de Jetsun Milarepa, da forma como é mais conhecida, foi narrada a seu principal discípulo, Rechung. Esse momento legendário porque são histórias sempre carregadas de altíssimos mistérios e ensinamentos perenes aconteceu na caverna semelhante a um estômago de Nyanam, região na fronteira tibetana com o Nepal, próxima a Kyanga-Tsa, cidade onde Mila-Sherab-Gyaltsen (Mila, o Troféu da Sabedoria) nasceu, no século 11. De infância abastada, Milarepa perdeu o pai, doente, aos 7 anos. Quando manifestou seu último desejo, o pai pediu que o menino, sua irmã e sua mãe fossem cuidados pelos tios, que deveriam também administrar todas as posses da família até a maioridade de Mila. Mas a crueldade e a traição tomam conta da história. Os três foram forçados a trabalhar como escravos dentro de sua própria casa, e a herança lhes foi recusada. Já adulto o suficiente para cuidar de si e de sua família, Mila, o vestido de algodão (repa), foi atrás de um mestre para aprender a arte da magia negra a pedido de sua mãe, que desejava vingança. Aluno dedicado, logo teria aprendido feitiços capazes de criar com a própria mente um escorpião gigante (do tamanho de um iaque, animal típico do Tibete). O escorpião teria destruído a casa de seus tios, que estavam dando uma festa. Ao todo morreram 35 pessoas, entre elas todos os filhos de meu tio, teria contado Milarepa ao discípulo Rechung. Não contente com o derramamento de sangue, Milarepa teria mandado uma tempestade sobrepujar o vilarejo assim os vizinhos, que sabiam o escorpião ser obra sua, ficariam receosos o suficiente para não fazer nada contra sua mãe e irmã. Assim o fez, como um vilão. Milarepa atendeu ao desejo de sua mãe por vingança, mas não sentiu nenhum tipo de satisfação. Na verdade, ele começou a perceber que algo faltava em sua vida, conta o mestre tibetano Chögyam Trungpa, fundador da Naropa University, no Colorado, a primeira universidade budista da América do Norte. Ao compreender que a vitória nada lhe trouxera, Milarepa soube que precisava de um mestre para ensinarlhe o caminho para a felicidade. Simultaneamente, seu professor de magia negra, tocado pela proximidade de sua própria morte, colocou em perspectiva todos os atos de sofrimento que havia empregado sobre os outros e aconselhou seu discípulo a procurar o dharma (ensinamentos budistas). É aí que Marpa entra na história, o professor a quem dedicou total devoção e com quem sentiu forte conexão até mesmo ao ouvir seu nome pela primeira vez. Em busca dos ensinamentos budistas, ele se entregou de corpo e alma, melhor dizendo, ofereceu seu corpo, voz e mente a seu guru. Para alcançar realização genuína, é preciso identificar-se com a sabedoria do professor e dos ensinamentos, sem edição ou distorção para seus conceitos próprios, explica Chögyan Trungpa. E isso Milarepa soube fazer como ninguém. Duvida? Nas mãos de Marpa, ele passou pelo que os cristãos e a sabedoria popular em geral chamam de pão que o diabo amassou. Marpa o fez experimentar todo tipo de provação. Mas não por capricho. Ao pedir que seu discípulo construísse, desconstruísse e reconstruísse quatro prédios de diferentes formas e em diferentes lugares, estava lhe dando ferramentas para reconhecer e identificar sua própria mente, suas distorções e limitações, e então treiná-la. Foi graças à diligência do aluno em atender aos mandos e desmandos não-convencionais do mestre que Marpa pôde forçar todos os limites de Mila, até que a lógica do ego e do interesse próprio entrassem em colapso. E só então Marpa aceitou conceder-lhe as iniciações e transmissões de ensinamentos que ele tanto queria. Mila entrou em retiro fechado numa caverna atrás da casa de seu mestre, que o encorajava e nutria com sua sabedoria. Em troca, o iogue correspondia com sua devoção, uma abertura capaz de absorver a verdade da realização da mente do seu professor. Para alcançar seu caminho, Milarepa deixou de lado toda a vida como a conhecemos: toda e qualquer forma de riquezas e prazeres mundanos. E mais até, tudo aquilo que é considerado o mínimo de conforto essencial para se viver: comida, roupas e uma cama quentinha. Parece insano para os padrões habituais do bom senso, mas dentro da verdade budista da impermanência do nosso corpo, da vacuidade de todos os fenômenos, da compreensão de que a mente é livre além dos conceitos, é possível encontrar a felicidade na renúncia de tudo o que se entende por conforto. Sua mente lúcida, independentemente de todas as situações e provações, era seu maior conforto. Quer um exemplo prático? Sabe aquele dia em que você está bobamente apaixonado e nada tira você do sério, nem o trânsito caótico, nem a fila do banco, nem telemarketing? Sabe aquele dia em que qualquer piada tem graça, a cerveja está na temperatura ideal, a companhia está agradável, o pão está crocante por fora e macio por dentro? Aquela sensação de que tudo dá certo? A diferença, no caso de Mila, é que ele alcançou uma realização tal que não era preciso estar apaixonado para se sentir assim e tampouco esses sintomas agradáveis de bem-estar seriam correspondentes apenas a dias bons. A partir do momento em que sua mente reconhecia todos os fenômenos como ilusórios, fosse o frio, fosse a fome, o mau humor, a preguiça ou qualquer tipo de desconforto, nada disso precisava ganhar um peso extra de uma mente ranzinza. Quando chegou o momento de abandonar seu mestre e entrar em uma peregrinação solitária, tudo o que levou consigo foi a verdade do que Buda ensinou. Seu alimento era o que quer que lhe fosse oferecido. No princípio, esmolava, como era costume para um iogue, mas logo até esse esforço motivado pelo desejo de atender apenas a uma necessidade própria foi deixado de lado. Quando a única comida que tinha à disposição começou a ser devorada por algumas larvas, seu altruísmo foi extremo a ponto de não julgar sua fome mais importante que a fome delas e foi atrás de outro alimento. Passava dias se alimentando apenas de sopa de urtiga, aquela plantinha que a gente pisa sem querer quando está atravessando um campo de pés descalços e quase morre de dor. Essa plantinha Milarepa colhia, fervia em sopa e comia. Tanto que sua pele começou a ficar esverdeada. Claro, não era fácil ser Milarepa. Por todo tipo de provação e obstáculo ele passou. Enfrentou demônios como sua própria mente era capaz de manifestá-los. E persistiu. E a cada novo desafio compreendia que sua mente ainda podia ser trabalhada um pouco mais. Para saber mais Livros: • Milarepa: História de um Yogi Tibetano, biografia de acordo com a versão inglesa do lama Kazi Dawa-Samdup, W.Y. Evans-Wentz, Pensamento LEGENADO EM PORTUGUÊS -

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