Artur é um médico legista obcecado por corpos humanos, mortos ou vivos. Mesmo trabalhando em um necrotério público, num contexto de corrupção e decadência, vai além dos diagnósticos burocráticos e faz uma profunda leitura dos corpos. A rotina de seu trabalho é quebrada pela chegada de ossos encontrados em uma vala comum. Junto à ossada, está o corpo de uma mulher jovem, que provoca um embate no departamento: a sua supervisora, Dra. Lara, defende que o corpo é recente, sem nenhuma relação com os ossos, tidos como de vítimas do regime militar. Já Artur, pela análise do corpo, insiste que ele tem mais de 30 anos, pertence ao grupo dos ossos e que, por alguma estranha razão, se manteve preservado. O veredito de Lara, no entanto, prevalece. E ela impõe um prazo: se o corpo não for identificado em 24 horas, será enterrado como indigente. Artur decide, então, investigar por conta própria a identidade daquele corpo. Em arquivos policiais, encontra a ficha de uma guerrilheira extremamente semelhante a ele: Teresa Prado Noth. Através do nome descoberto, Artur chega em Fernanda, filha de Teresa, que é idêntica ao corpo. No entanto, para a surpresa do legista, Fernanda diz que sua mãe está viva e propõe a ele conhecê-la. Artur aceita o convite. Os dois empreendem uma busca caótica pela cidade em busca da mãe dela e da identificação do corpo. Paralelamente vão surgindo fragmentos da vida de Teresa. A garota morta era uma atriz de vanguarda que se transformara em guerrilheira de esquerda durante os anos 70; Helena foi a única testemunha de sua trajetória. Uma ambigüidade se estabelece: Os fragmentos podem ser tanto reais, como criações da mente de Artur.