Uma espécie de híbrido entre "The Twilight Zone" e "Tales of the Unexpected", Black Mirror explora sensações do mal-estar contemporâneo. Cada episódio conta uma história diferente, traçando uma antologia que mostra o lado negro da vida atrelada à tecnologia.
Três grandes motivos para assistir a Black Mirror
Com tantos avanços tecnológicos, aplicativos que facilitam a vida, mudanças culturais e de comportamento, a relação homem x tecnologia é um dos assuntos que mais levantam reflexões hoje em dia. Se você é um dos que se interessam sobre esse tema e gosta de imaginar como poderia ser a vida daqui a alguns anos, você precisa ver Black Mirror.
A série é uma produção britânica com duas temporadas e um especial de Natal, com episódios independentes que oferecem uma visão sobre o papel da tecnologia na vida das pessoas e sobre o que pode vir pela frente se essa ligação nunca for problematizada.
Caso estejam se perguntando sobre o título da série, o próprio criador, Charlie Brooker, explicou para o The Guardian:
“Se a tecnologia é como uma droga – e ela parece com uma droga – quais são precisamente os efeitos colaterais? Essa área entre o prazer e o desconforto é onde Black Mirror, minha nova série dramática, está situada. O “espelho negro” do título é aquele que você irá encontrar em cada parede, em cada mesa, na palma de cada mão: a fria e brilhante tela de uma TV, monitor, smartphone.”
Entre os vários motivos para ver essa série, que vão desde o roteiro, produção e elenco, estes ganham principal destaque:
1. Dependência tecnológica
Se hoje já é difícil para muita gente passar um dia longe das redes sociais e um pânico esquecer o celular em casa, imaginar uma realidade alternativa – ou um futuro distópico – em que cada momento nosso possa ser registrado, rebobinado e revisto à exaustão até pode parecer interessante inicialmente. Mas os efeitos nocivos, a paranóia e as péssimas consequências a que isso pode levar entram em reflexão no trágico, sombrio e ótimo episódio The Entire History of You.
2. O lado obscuro da humanidade
E se essa crueldade que vemos destilada em comentários pelos sites afora pudesse ser amplificada? Se a nossa participação maldosa pudesse ir um pouco mais além dos caracteres na tela, saciando a ânsia em julgar e condenar que vemos cada vez mais? Esse é um exercício que o excelente e assustador episódio White Bear faz. Aliás, essa forma de participação que revela pessoas no automático, sem capacidade de questionamento, também permeia os episódiosThe National Anthem e The Waldo Moment.
3. Genialidade melancólica
Black Mirror tem uma aura sombria, perturbadora, e traz histórias que mostram uma humanidade que acha que domina sua relação com a tecnologia, mas está fragilizada psicologicamente em seu vínculo (ou submissão) com ela. O episódioFifteen Million Merits pinta um quadro apavorante em uma realidade regida por telas, entretenimento e com pouquíssimas interações sociais. O que acontece com quem ergue a voz contra esse sistema? Um aviso: não procure finais felizes nesses contos. Neles a tecnologia sempre ganha e a humanidade perde – ou perde-se a humanidade.
O último episódio lançado de Black Mirror foi o especial de Natal de 2014, com Jon Hamm (Mad Men) e Oona Chaplin (Game of Thrones). O terceiro ano da série foi anunciado apenas para 2016.