Sérgio Leite aborda a questão da afetividade nas práticas pedagógicas O aprendizado se dá por meio do contato entre o sujeito (aluno) e o objeto (conteúdo). Essa relação é de natureza afetiva e depende diretamente da qualidade da história da mediação vivenciada pelo sujeito em relação ao objeto. A mediação, no caso, pode ser exercida tanto pelos pais quanto pelos professores. A reflexão, que orientou uma conferência de mais de uma hora, é do professor Sérgio Leite, diretor da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Ele foi o convidado da primeira edição de 2011 do projeto Aulas Magistrais, idealizado pela Pró-Reitoria de Graduação. O evento ocorreu na tarde desta terça-feira (1º de março) em uma sala do Ciclo Básico, e contou com a participação de alunos, professores e funcionários. A afetividade no âmbito escolar, explicou o docente, tanto pode ser positiva quanto negativa. A esse respeito, ele evocou a figura do “professor inesquecível”, tema que foi trabalhado pelo seu grupo de pesquisa. “O professor inesquecível tanto pode ser aquele sujeito ‘incrível’, admirado pelos alunos, quanto o ‘chato’, cujas aulas ninguém entende”, explicou. Ao questionarem um grupo de estudantes sobre o que torna um educador inesquecível, os pesquisadores concluíram que essa condição está relacionada a quatro dimensões: prática pedagógica julgada relevante, tipo de relação entre o professor e o objeto do conhecimento, aspectos do comportamento do professor e as consequências para os alunos. Dentro desses aspectos, os jovens consideram importantes situações como a apresentação de boas aulas expositivas, o devido domínio do conteúdo pelo professor, a existência de uma relação afetiva entre o professor e o objeto do conhecimento e a boa relação entre o professor e o aluno. “Esses dados contrariam uma tese amplamente disseminada na área da educação de que basta o indivíduo ter o conhecimento de determinado conteúdo para que ele se torne um professor. O conhecimento específico é importante, mas não é suficiente para o bom desempenho da atividade docente. Sem a afetividade, que está sempre presente na relação sujeito-objeto, a mediação não será positiva”, concluiu.